PASSEIO
NA PANDEMIA
Esta
semana tem sido terrível.
Já
tivemos dois dias com mais de 4 mil mortos por COVID-19, a vacinação caminha a
passos lentos, faltam insumos para produção de novas vacinas, não há leitos
disponíveis em hospitais, amigos, parentes e conhecidos são acometidos pela
doença e alguns morrem. Pessoas mais velhas morrem mais fácil, mas não tem sido
nada difícil morrerem jovens também.
Some-se
a tudo isso um governante máximo que nega a existência da pandemia, troça dos
doentes, minimiza as mortes e age o tempo todo como se ainda estivesse sobre um
palanque, para que o quadro se agrave ainda mais.
Mais próximo
de nós, o governador do Estado adota medidas mais duras no combate à transmissão
do vírus, porém, mais próximo ainda, o prefeito parece não dar a mínima para isso.
Há, em todos os níveis, interesses mais importantes a atender, do que a guerra
contra o vírus.
Quando
chega o fim do dia, depois de exposto a um número absurdo de informações, a
maioria delas nada boas, me chega a Belinha toda lampeira, abanando o rabo, me
pedindo para passear. Não me dá sossego enquanto não me visto e calço para o
passeio. Mascarado, é lógico. Cheguei à conclusão de que a Belinha é uma
negacionista, pois não está nem aí para o vírus. O que ela quer é passear.
Saímos
eu, a Tânia, minha companheira de vida e a Belinha para uma pequena caminhada.
Ao sairmos pelo portão parece que mergulhamos num outro mundo, onde nada de
ruim acontece.
Em nosso
caminho assistimos maravilhados o entardecer, com o sol avermelhado se
escondendo no horizonte, vemos e ouvimos os bandos de barulhentas maritacas
encerrando suas atividades diárias e voltando para casa, onde quer que seja
essa casa, os não menos barulhentos quero-queros protegendo suas crias, atentas
e sérias corujas prontas para iniciar sua busca noturna por alimentos,
bem-te-vis, joões-de-barro, anus pretos e brancos, pardais e muitos outros
pássaros parecem nos acompanhar pelo caminho, como a nos ensinarem (sem cobrar
nada por isso), em sua profusão de cantos e pios, que apesar de tudo a beleza
continua a existir e que é possível e necessário ter momentos de prazer e alegria.
Com as baterias recarregadas pelo espetáculo do por do sol e da cantoria dos pássaros, voltamos para casa, sempre com a convicção de que viver vale muito a pena e que para isso precisamos nos preservar.
Belíssimo texto.
ResponderExcluir👏👏
ResponderExcluir👏👏👏👏
ResponderExcluirLindo texto! Adorei! A negacionista foi boa kkkkk
ResponderExcluirAdorei!!
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirÉ, meu amigo... A despeito do pessimismo de muitos, a vida inssiste em ser exuberantemente bela.
ResponderExcluirAMEI o texto 💝
ResponderExcluirJá tinha lido mas não havia conseguido responder. Mas amei o passeio cheio de maravilhas, que a Belinha proporcionou. Cachorro entende a nossa necessidade de sermos felizes 🐕🐕🐕❤❤❤
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