A EMOÇÃO
SOBREVIVEU
Dia
desses, ouvi no carro a canção “MORDAÇA”, de Paulo César Pinheiro e Eduardo
Gudim, presente no álbum “O IMPORTANTE É QUE NOSSA EMOÇÃO SOBREVIVA”, de 1974.
O
disco, como um todo, é lindo, a canção, simplesmente maravilhosa e a interpretação de Paulo César Pinheiro, Eduardo Gudim e Márcia é sublime.
A
quarta estrofe diz o seguinte:
É
provável que o tempo faça a ilusão recuar
Pois
tudo é instável e irregular
E de
repente o furor volta
O
interior todo se revolta
E faz
nossa força se agigantar
Mais
tarde, no mesmo dia, em casa, vi um jornal de TV em que o comentarista André Trigueiro
falava sobre a tragédia do povo Yanomami, que se junta a tantas outras
tragédias vividas pelo povo brasileiro nos últimos anos, dizendo que o que
vemos hoje, não é nenhuma novidade, e que os Yanomamis têm vivido os últimos
quatro anos à míngua, entregues à própria sorte, sem nenhum amparo oficial.
Como
assim? Isso acontecia há mais tempo e eu não vi? Ou será que vi e não me
indignei? E, caso tenha visto e não me indignado, por que será que isso
aconteceu? Fiquei insensível? Esqueci minha própria história?
Comentei
com um amigo que me alertou para a possibilidade de isso ter ficado meio que
encoberto durante esse tempo em que tanta coisa aconteceu de ruim, inclusive a
pandemia do novo Corona Vírus. Tempo em que ministro de estado aconselhava o
então presidente da República a explorar a questão da pandemia, e deixar a
“boiada passar”, no desmonte da legislação ambiental. Tempo em que, e isso é de
pasmar, a então Ministra da Família e dos Direitos Humanos, recomendou ao
presidente que não enviasse àquele povo indígena água potável e leitos de UTI.
Lembrou, inclusive, que a Rede Globo transmitiu há pouco tempo a novela
“Pantanal”, que sequer tocou na questão indígena em seu enredo, como se os
estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul não tivessem índios.
Embora
essas possibilidades levantadas pelo amigo não tenham servido para anestesiar
minha consciência, pus-me a pensar em tudo o que tem acontecido no Brasil
nesses quatro terríveis anos, e no quanto fui me acostumando a ver desmandos e
horrores sendo cometidos, sem me espantar mais com isso, porque do então
governante e seu entorno, não havia como esperar outra coisa, que não desmandos
e horrores.
Mas
veio 2022, e com ele, mais do que uma luz no fim do túnel, eu percebi que algo
havia mudado em mim, e mudado para melhor. Senti que se reacendia minha vontade
de atuar de forma firme em defesa do mais precioso de todos os bens políticos
que conquistamos: A Democracia.
Surge
aqui, a quarta estrofe de “Mordaça”, pois tudo o que vivíamos até então, era
instável e irregular, mas de repente meu furor voltou, meu interior se revoltou e
senti em mim, a força se agigantar.
Reconquistei
primeiro a mim mesmo, e, reconquistado, busquei reconquistar a democracia.
É isso.
ResponderExcluirEstamos juntos nesta caminhada em defesa da democracia.
Que a democracia retorne e acompanhada de visão de humanidade e amor. Nós venceremos e a história futura contará a mais cruel e massacrante época bolsonorista. E mostrará a verdade nua e crua desses 4 anos insamos e desumanos .
ResponderExcluirConcordo com quase tudo o que você diz, exceto com o "insanos", pois o que vimos não foi insanidade. Foi ação deliberada de extermínio. Nazismo puro.
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